segunda-feira, 26 de outubro de 2009

What Will We Be, Devendra Banhart (2009)

What_Will_We_Be_cover Num domingo xôxo, uma ótima surpresa: Como twittado pelo @trabalhosujo, vazou o disco novo do Devendra Banhart! Depois de uma geinkidama realizada com a força da conexão daqueles meus seguidores caridosos que sempre me ajudam levantando os braços, consegui baixar e alegrar meu dia – por acaso, não alcoólico – ouvindo o What will we be, cujo lançamento está marcado para amanhã, 27 de outubro, pela Warner e com selo da Reprise Records (não mais da XL Recordings).

O álbum foi produzido pelo Devendra e por Paul Butler, líder da banda inglesa The Bees, e conta novamente com as participações do bom e velho Noah Georgeson (produtor dos últimos álbuns de Banhart e louco), Greg Rogove, Luckey Remington e “nosso” querido Rodrigo Amarante (que, ao que parece, dessa vez não canta, mas assume a guitarra principal em quase todas as faixas do disco), todos remanescentes do Smokey Rolls Down Thunder Canyon.

À primeira ouvida, o álbum parece, de modo geral, ser um tanto quanto parado e apático, gerando uma certa indolência para quem escuta, o que para mim certamente foi bom, pois me proporcionou exercitar melhor as viagens que as músicas parecem propor, notáveis nas serenas First e Last Song for B. Conquanto, faixas mais estimulantes destacam-se facilmente no disco, como a ótima 16th & Valencia Roxy Music, com guitarras distorcidas e batida definitivamente dançante, e a última faixa Foolin’, que poderia muito bem ser confundida com um reggeazinho divertido do Toots and The Maytals se não fosse pela voz inconfundível do Devendra.

Há ainda no disco, a versão de estúdio das músicas Baby (agradabilíssima) e Chin Chin & Muck Muck (um freak folk excêntrico bem legal), mostradas há alguns meses atrás pelo youtube em versão ao vivo.

Ainda, quão Mutantes é a faixa Maria Lionza!? Quase que, num sobressalto, escuto a voz de Rita Lee ali àquele meio psicodélico. (E por isso, só tenho a agradecer..)

Sem mais conversa, concluo: um ótimo álbum! E não só, mas um ótimo álbum que, praticamente, salvou meu domingo. Enfim: para ser ouvido várias vezes. Fica a recomendação. Obs.: Não postarei link para download (porque não posso), portanto procurem por si mesmos – dica: há um easteregg neste post.

9280385 
    Amarante c/ Devendra

Tracklist:
01 Can’t Help but Smiling
02 Angelika
03 Baby
04 Goin’ Back
05 First Song for B
06 Last Song for B
07 Chin Chin & Muck Muck
08 16th & Valencia, Roxy Music
09 Rats
10 Maria Lionza
11 Brindo
12 Meet Me at Lookout Point
13 Walilamdzi
14 Foolin’

Fontes: Wikipedia, Stereogum

domingo, 25 de outubro de 2009

Teatrismo

P110PICA
Primeiro ato
Primeiro quadro
(Ambiente: casa dele. 'Cenário sem nenhum caráter realista'. Sala que lembra a cor marrom. Clássica. Este cômodo confunde-se com o quarto. Colchão grande no chão. Lençóis jogados. Tudo meio desarrumado, mas que não carece de limpeza ou ordenação. Luz baixa que parece advir do chão. Música "silenciosa" ao fundo: Thelonious Monk & John Coltrane)
Abre-se o pano
Abre cena
Speaker: Ela está na parte da copa, fazendo uma bebida quente (provavelmente chocolate), de camisola e de costas para ele, que está deitado na cama ao chão, virado para a copa, assistindo à cena. Ele, descalço, veste calça e só. Levanta-se e caminha até ela, a abraça por trás, ela se assusta e logo após ri delicadamente, ele a beija no ouvido, ela arrepia-se. Ficam assim abraçados por algum tempo, enquanto ela mexe a colher. “Monk’s mood” começa a tocar, ele repara. Pega-a no colo, ela o beija demoradamente e então, pousa a cabeça ternamente em seu ombro. Ele anda até a sala com ela nos braços, onde a música está mais alta. Os dois ficam de pé e começam a dançar lentamente, pausam e se olham por um instante, se abraçam e recomeçam a dança a pequenos passos. Antes da música acabar, param novamente; ele, num movimento devagar e contínuo, deita-se no chão – não na cama, mas no chão, que está friíssimo – de bruços. Ele a chama. Ela deita-se em cima do corpo dele, simetricamente, com a barriga sobre suas costas, rostos colados. E assim ficam e permanecem, num longo, mas curto tempo.
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Imagem: Femme por Pablo Picasso. Paris, 1906~1907. Oil on canvas.